Tuesday, June 5, 2018

TANTO FAZ


13h04. Esse vai para um capilar porque me comprometi a deixar o post de agradecimento à minha mãe até o domingo como primeiro post do meu blog para dar tempo de Seu Raimundo, caso se disponha a ler, dê de cara logo com ele, para que saiba a real dimensão e importância que o livro tem para mim. Acho que se isso fizer alguma diferença para ele vai ser no sentido de intimidá-lo a dar o seu parecer sobre a obra e me ter como louco. Em relação ao meu tio, não sei se ele já leu o WhatsApp de mamãe e se viu e não respondeu, é porque não está disposto a ajudar. Não acredito que fará uma desfeita dessa com mamãe, mas para ele eu mandei o link diretamente para o post. Não fiz como com o escritor, para quem mandei apenas o endereço do blog, sem referência a um post específico. Por isso, para ter o mínimo de segurança de que o escritor vá ler o post em questão preciso deixá-lo pelo menos pelo final de semana como primeiro do blog.

13h18. O primeiro parágrafo foi extremamente difícil de redigir, comecei e recomecei umas três vezes. Depois da cutucada na existência com vara curta e de uma noite de sono para esfriar os ânimos, não sei se fiz a coisa mais acertada. Mas agora está feita, não há como desfazê-la. Estou com vontade de tomar mais um copo de Coca, mas esperarei até as 13h40.

13h22. Nossa, como queria uma resposta do escritor para o bem ou para o mal. Aliás, para o mal me destruiria por dentro e me desmotivaria a publicar. Mas não de todo. Ainda vou mandar para as editoras que forem cabíveis. Ou, melhor dos cenários, meu tio fazer a distribuição com o peso do seu nome e cargo por mim. Isso garantiria pelo menos que o texto seria lido e analisado. “Landlady” passa, linda, linda. Quem me dera fosse um bom sinal. Preciso reler o post, pois nem me lembro o que coloquei. Vou fazer isso agora.

13h38. É, o post diz tudo, minhas expectativas e aspirações a respeito da obra e ainda faz um breve histórico de quem eu sou e como levo a vida. Não sei se sensibiliza, mas é sincero, e a sinceridade sempre me pareceu a melhor ferramenta para lidar com a realidade. 13h40. Vou pegar mais uma Coca. Não estou muito para café no momento, embora haja. Minha mãe fez. Amo a minha mãe.

13h49. Coloquei Coca e já fumei o quarto cigarro de hoje, agora chegou o momento de me segurar no Vaporfi. Quando tiro a carteira do meu campo de visão fica mais fácil, olhando sempre para ela a vontade bate com mais facilidade e intensidade. Desliguei o ar. Estou meio travado para escrever hoje. Tenho que relaxar mais e deixar fluir o que tiver de fluir. Aí me vem assuntos que não posso e não devo comentar ainda. Estou de bem comigo hoje, não sei se resultado da trela de ontem, que, sem dúvida, me deixou mais aliviado, pois senti que estava fazendo algo de real para a consecução do meu sonho. Odeio ficar de mãos atadas. Minhas mãos estão livres agora, mas não tenho mais cartas para jogar, o jogo está posto na mesa da existência e o resultado só o tempo o dirá. O tempo de a revisão ficar pronta, completa, redonda. Como queria que a incrível achasse que não há nada a cortar ou que ela mesmo identificasse o que deveria ser cortado. Quem me dera ela gostasse do material apesar de tocar em assuntos que possam ser perturbadores para ela. Acho que ela gostou mais de revisar o livro do meu amigo que o meu. Talvez queira um aumento se reformatou o texto para os padrões pedidos para leitura. Sei lá, quando a primeira revisão ficar pronta, saberei. Minha mãe anda desconfiada dela, vive a me dar indiretas, perguntando se ela tem se comunicado comigo e coisas do gênero. É a mentalidade de cliente, está pagando, acha que tem direito sobre a vida e os métodos do prestador de serviço, como se esse, essa, no caso, fosse um serviçal. Antes de revisora ela é minha amiga e dei-lhe todo o tempo do mundo para revisar porque eu mesmo odeio prazos, sei que eles comprometem tanto quanto motivam. Mas acho que a minha amiga é responsável e dedicada o suficiente para não precisar desse expediente, dessa pressão para concluir a revisão. Até porque há motivação outra, a outra metade do pagamento. Mas não quero falar de capitalismos aqui. Só mais uma coisa antes de abandonar o tema, parece que os caminhoneiros farão outra paralisação, mais radical que a primeira. É o burburinho que zune na internet e chega até a um cara alienado como eu. Não sei se é verdade, se for, serão tempos interessantes, pois afetam diretamente todas as classes. Já há privações agora, imagino se a retomada da greve se concretizar.

14h19. Parei para dar uma olhada no Facebook. Nada que se aproveite.

14h23. Fui curtir a foto do filho de um amigo meu e dei de cara com um dos textos de um amigo escritor. Ele tem melhorado. Esse tem mais narrativa que os demais. Percebe-se o esmero que tem na seleção das palavras. Isso já não se percebe aqui. Aqui há palavras demais e não são tão seletas como as dos pequenos textos dele. Não é a minha praia. Estou mais para Caetano que para Chico. Embora ache os dois ótimos com as palavras, o que não é o meu caso. Hahaha. Não escrevo também realismo fantástico como o meu amigo escritor. Descrevo o que me passa na cabeça, sem invenções, quando elas surgem são poucas e rasteiras. Meu amigo é mais bem-sucedido que eu como escritor. Não sei como ele fez para vender o seu peixe, eu estou tentando vender o meu do jeito que posso. Será muita incompetência minha, tendo um tio na posição que tenho, não conseguir publicar. Ou muita falta de disposição deste em me ajudar. Vou esperar dar uma hora entre um copo de Coca e outro para ir pegar o próximo. Estou para lá de curioso em descobrir o que o futuro me reserva quanto a esse assunto. É o assunto da minha vida. É a realização da minha vida. Minha consagração como gente. Por mais que vá sofrer severo preconceito. Isso pouco se me dá, o preconceito dos demais não vai adentrar o meu quarto-ilha. Não vai afetar a minha rotina em que cada vez menos gente cabe. Ou cada vez menos gente quer caber. Ou sou eu que não caibo mais em meio as pessoas.

14h44. Peguei outra Coca, mas já está no final do copo. Pois é cada vez mais solitário e tão mais me tornarei com a publicação do livro. Espero estar fazendo tempestade em copo d’água. Mas creio que não estou. Sei lá. O futuro a Deus pertence, como diria o meu amado e finado pai. Agora só me resta dar tempo ao tempo. Tudo o que podia fazer foi feito. Não há mais o que possa conceber que possa fazer até o final da revisão. Só esperar. Confesso que estou sem a mínima disposição de reler tudo uma vez e mais outra e mais outra. Mas se é para a realização do meu grande sonho o farei. Qualquer esforço é válido para me sentir válido como gente. Por mais que o livro venha a me denegrir mais do que falar bem de mim. Espero que mamãe vá dormir depois do almoço. Quero me servir de Coca com mais frequência e menos policiamento.

15h00. Nossa, como sou enamorado do meu Hulk e como joguei StarFox 64. Zerava toda vez que jogava. E joguei várias. Era superdivertido. Tenho o mais novo StarFox e não tenho o mínimo ímpeto de jogá-lo. Os controles são muito diferentes do 64. Parece que tem que se jogar olhando para a tela do controle. E segurá-lo no ar de frente para a tela. Não parece nada prático. Nunca tentei, não posso dizer com certeza. Um dia, sabe-se lá quando, eu ainda o jogarei ou essa é uma possibilidade que não descarto. Como quero jogar Red Dead Redemption. Para esse tenho ainda menos inclinação. Last of Us. Eita, a lista é imensa. Nem quero pensar nisso. É algo que enche a minha cabeça com informações demais. Queria entender por que precisamente eu me desinteressei por games. Foi de uma hora para a outra. Minha teoria é porque acumulei jogos demais. Mas não foi só isso, escrever se mostrou algo mais compensador, divertido e fácil. Algo que me preenche mais como ser humano do que jogar os games. A maioria dos jogos que tenho ainda está lacrada.

15h20. Ah, que alívio. Pulei o parágrafo para fugir da paranoia dos jogos que vez por outra me ataca. Será que ainda estão a almoçar? Vou pegar uma xícara de café.

15h26. Acabaram de acabar. Tem um pastel de nata para eu comer. Mamãe coincidentemente me incentivou a jogar videogames. Mas só de pensar me toma uma repulsa. Não vou fazer uma coisa que me gera repulsa, podendo fazer algo que me agrada. E nem me agrada tanto ultimamente, mas é o que me vem mais fácil, basta dizer o que me vem à cabeça. Mandei por e-mail para mim mesmo as duas fotos que sonho que ilustrem o meu sonhado segundo livro. Esse mais sonho ainda que o primeiro. Esse sonho totalmente desvairado. Mas o futuro a Deus pertence. Não sei por que tenho para mim que se o livro, o “Diário do Manicômio”, digo, fosse lançado com as cintas, ele seria um sucesso editorial. “Landlady”. Quem me dera ela tocar agora fosse um sinal de que minhas projeções são pertinentes. Hahaha. Que crendice mais idiota. Minha mãe me deixou com um tantinho de nada de vontade de jogar o Deus EX. Mas não vou jogá-lo agora. O que me impede? Nada me impede, eu me impeço. Como esse post vai para um blog capilar o qual ninguém acessa, poderia falar de Aurora, mas prefiro, guardar minhas palavras sobre ela para ela. Nem que eu publique apenas um exemplar do livro para dar a ela, ou dez, não sei o preço que isso será. Possa ser que em publicando o primeiro livro e ele sendo bem vendido, eu ganhe como prêmio o direito de publicar uma segunda obra. Mas acho que aí é sonhar alto demais. Eu oscilo entre esses dois extremos, de desilusão total com a obra à esperança de que ela vai ser publicada e vender bem ao ponto de me outorgar a possibilidade de publicar outro livro. Que já sei exatamente qual é. Não despertará a mesma sensação do primeiro, mas pode gerar interesse ainda em decorrência do “Diário do Manicômio”. Não basta ser lançado, eu ainda quero ter sucesso. É de lascar mesmo. Vai sonhar alto assim na casa de chapéu. Hahaha. Hoje, acho que devido ao café e a cutucada que dei na existência me sinto num humor bem melhor do que estava nos últimos dias. É bom estar assim. É bom me sentir assim. Contente em ser quem eu sou da forma como sou. Com os sonhos inflados pelas duas variáveis enunciadas. Parei para pensar agora e me deu medo. Medo de ser publicado. E de ser incompreendido pela sociedade. Mas já enunciei isso tantas vezes que me sinto relativamente preparado. Me terão como canalha pervertido, acho que essa é a imagem que traço de mim no livro. Não sei se tão canalha e tão pervertido como me enxergarão, mas certamente não me verão com bons olhos. Eu não me vejo com bons olhos, como pode mais alguém me enxergar de forma diferente? Eu me pinto com tintas escuras e o ponto luminoso da pintura é para lá de polêmico. Mas é o caminho que escolhi e estou disposto a trilhar. Já desisti de Seu Raimundo. Ele para mim é passado. Não me mandou sinal de vida ainda. Não mandará mais. Meu sonho perde uma das asas, mas ainda voa com as demais que possui. Se me arrancarem a outra, meu tio, aí tudo se torna muito mais difícil. Vou pegar uma Coca.

16h22. Hoje estou com o astral superiormente elevado, a vida ou mina psique resolveu me dar uma trégua. Comi um pastel de nata que não estava maravilhoso, mas gostoso o suficiente para me dar uma base. Ter comido deu uma abaixada no meu astral, espero que passageira. Acho que há tanto a ser mudado no livro que me dá preguiça só de pensar. Espero muito estar enganado. Queria que a incrível revisora resolvesse tudo para mim. O que não será o caso provavelmente. Então é me armar de paciência para revisar aquela maçaroca toda provavelmente mais de uma vez. E quando estiver redondo, mandar para o meu tio para ver o que ele pode fazer por mim. Era bom que tudo isso se desse antes da viagem, o que não parece ser o caso, pois já viajo no final desse mês. Não queria viajar. Mas não há essa alternativa no cardápio da minha vida. Não sei como mamãe vai viajar com o joelho assim, será um grande problema. Sou tomado por sentimentos negativos. Não é possível que eu que estava com o astral tão bom, vá dar uma mareada, deixa eu ser feliz um dia apenas, vida? Deixa eu curtir ficar aqui a me dizer, não me rouba isso de mim, não.

16h49. Meu astral murchou que nem pneu furado. Vou pegar Coca.

16h52. Estou um pouco melhor. Estava estudando a capa do segundo livro e não me agradei do que fiz. E olhe que nem há muito a se fazer. Mas achei fraca, como achei a que fiz para o “Diário do Manicômio”. Será que tudo isso não passa de sonho, que não passará de sonho? Será que não será melhor para mim assim? Se tudo ficar apenas na imaginação? Eu já não sei mais. Não sei mais o que quero, quero que tudo se exploda. Será que estou entrando numa crise depressiva? Eu não sei. É tão bom dizer eu não sei. Eu não sei, não sei de mais nada. Eu não sei o que fazer de mim. Eu não sei o que fazer do amor. Eu não sei o que fazer do meu livro. Eu só sei que o terei revisado, se tiver disposição de ajudar a revisora nesse papel. Eu não quero nada no momento. Não quero o meu quarto reformado, não quero viajar, não quero querer. Não quero escrever. Escrever eu ainda quero, por algum motivo que me escapa, escrever eu ainda quero. É como se fosse uma força além de mim, minha pulsão de vida gritando, para que eu não pare de vez. E caia. Em depressão, provavelmente. Passei tantos anos longe desse pesadelo, será que ele vem de novo me roubar de mim? Tomara que não. Não posso fraquejar. Comecei o dia tão bem. O que se deu? Eu sinceramente não faço ideia. Só sei que vou fumar um cigarro tomando uma Coca gelada.

17h14. Fumei o cigarro, coloquei o restinho da garrafa de Coca e pensei em dar uma passada no meu projeto paralelo, mas desisti. Meu humor fica oscilante. Isso é um saco, pois ele está orbitando entre o normal e o péssimo. Esse humor negativo está assim há três dias já. Se perdurar até a semana que vem, vou avisar à minha mãe. Nada me anima, estou preocupado. Mas não quero encher o texto com essas palavras pesadas me reafirmar nesse estado, pois isso não ajuda, piora. Tenho pensado em jogar Deus EX. Será que isso me animaria? Pelo menos eu não quero morrer. Estou só de baixo astral. Ah, se meu amigo da piscina me chamasse para descer. Seria a glória. Bati os contatos com o meu amigo da piscina. Quem me dera. Já me sinto mal por ter feito isso. Puxa, nada do que eu faço me agrada. Que deprê braba. Não posso cair em depressão. É ruim demais. Queria me sentir normal pelo menos, sem essa angustiazinha chata. Esse desconforto com a vida. É como se tivesse um pico de adrenalina e agora viesse a rebordosa. Não sei nem se quero mais que o livro seja publicado. Só de pensar no assunto me faz mal. Preciso desopilar geral dessa merda. Parece que escolhi o caminho errado para a minha vida e agora não sei mudar o rumo a direção. Quando penso no lançamento do livro penso em todos os meus amigos me julgando e condenando. Que coisa ozzy. Queria apenas estar em paz. Não é pedir muito. Estar de bem com a vida como estava no começo do post. Talvez esse excesso de palavras esteja me fazendo mal. Talvez precise realmente desopilar um pouco, mudar o meu foco de atenção para outra coisa, estou muito bitolado nisso. Estou sonhando alto demais. Dói essa constatação. O que tenho é um texto medíocre de uma situação degradante, com uma paixão polêmica. Não é nada demais, não é nada que mereça ser lido, não é nada que me faça bem. Eu quero algo que me faça bem. O que eu não sei. Conversar seria bom. Com Ju. Desabafar. Está tudo dentro de mim em ebulição, como uma panela de pressão. O conteúdo do livro é deprimente, ultrajante, por que vou querer tais coisas publicadas? Sou um degenerado mesmo. Sou um merda, que leva uma vida merda, escrevendo merda.

17h48. Meu primo talvez vá no Seu Vital hoje, mas não há nada certo. Me deu uma vontade danada de não ir agora, mas eu disse que podia contar comigo. Talvez isso me faça bem à alma.

17h52. Peguei outro copo de Coca. Estava bem, mas de repente tudo parece uma bosta. Estou com medo.

17h55. E eu que pensei que esse seria um dia agradável de ser vivido. Começou bem, mas em algum momento descarrilhou. Não sei precisar em qual. Dei umas baforadas no Vaporfi e isso levantou o meu astral um pouco. Não posso ficar oscilando assim. Mas é melhor oscilar do que ficar só para baixo.

17h58. Estou mais animado, inclusive com a saída, que diabos se dá comigo? Será só o Vaporfi? Se for é muito bom. A solução está bem ao alcance da minha mãe. Talvez também tenha sido me desviar um pouco da neurose do livro. Não quero falar sobre isso agora. Quero me focar na noite. Na possibilidade de noite. Que não é ainda concreta.

18h04. Me peguei agora olhando para o Hulk e me lembrando desse infame livro, no que meu tio responderá à minha mãe quando porventura ver a mensagem que ela mandou por WhatsApp. A vontade que tenho é encerrar esse post por aqui, revisar e começar outro. Mas acho que só vou começar outro quando voltar da saída. Meu amigo da piscina não está aqui no prédio. Que pena. Mas agora, com a saída, nem iria rolar mesmo. Se saída se der. Mas acho que se dará. Nossa sem saco nenhum para nada, mas agora não me encontro de baixo astral o que é um grande, enorme alívio. Por que será que estou tão oscilante. Só quero crer que é pela neurose acerca de porra de livro. Tenho que tirar isso da minha cabeça. Acho que vou todo de rosa para night. Com a minha sandália branca do Mario. Não pensar na viagem. Será que a Garota da Noite irá? O que direi a ela se for. Minha vontade é de não dizer nada. Hoje não senti tédio, senti coisa pior. Isso me preocupa. Vou pegar mais Coca. A vontade é de fumar mais um cigarro.

18h22. Peguei só Coca. Nossa, essa porra desse livro não sai da minha cabeça. Embora agora reparta a audiência dos meus pensamentos com a saída. Espero que mamãe me dê setenta. Vou pedir para o meu primo me trazer duas carteiras de Marlboro quando vier. Eu não sei o que quero da vida. Eu sei, queria estar com meu amigo da piscina conversando e escrevendo lá embaixo. Não sei nem se isso eu queria. Acho que a ida para o Seu Vital vai ser válida. Tomara que se dê. Esse texto está tão mal escrito. Não tem problema, pois ninguém vai ler. Escrever para ninguém. Será que é isso que está pegando? Em parte, é, eu percebo. Mas esse post não é para todos os olhos. Estou num astral melhor, que continue assim. Não cair de novo na deprê. Daqui a pouco vou fumar mais um cigarro. Daqui a vinte minutos. Penso em Aurora. Doce ilusão. A mais doce e fantástica ilusão. Eu não tenho jeito mesmo. Mas não quero falar sobre isso. Não quero falar mas preciso dizer porque não há mais nada que queira fazer até a hora de ir para o Poço. Não sei nem chegar nesse Vital. Era bom que a galera passasse aqui para me pegar, mas sei que não vai rolar porque é uma contramão. Vou ter que descobrir sozinho mesmo. Só faltava a Garota Noite ir e me dizer que adorou tudo o que mandei para ela. Seria curioso. A vontade que tenho é dizer que cansei de desperdiçar minhas palavras com ela, que prefiro desperdiçar comigo mesmo. Sei que isso seria rude. Mas não sinto nem vontade de beijar-lhe a boca pois estou tomado de Aurora, do impossível que não se toca, é intangível e prefiro assim. Tentei me masturbar ontem e não consegui, mesmo assistindo xvideos simplesmente broxei. Não sei se por causa dos remédios. Ou porque estou ficando broxa mesmo por causa dos cigarros. Não sei. Preciso realizar outra tentativa, mas hoje não estou com a mínima vontade. Sexo para mim não é uma necessidade, talvez depois da banalização do sexo haja um movimento de repulsa ao sexo. Eu já fiz parte do grupo de assexuados, mas achei que era um bando de gente deprê e carente e mal-amada. Exatamente o que sou, mas não quis me inserir naquilo. Era um clima down e um tanto falso. Era como um bando de fracassados afetivamente. Novamente exatamente o que sou. Mas não curti e saí. Não quero ser abertamente assexuado. Até porque não fechei as portas para a sexualidade. Só não é um assunto que me domina e que me motive. Manter esse astral que estou agora, nem bom nem ruim. Levemente bom, está mais do que suficiente. Só não me sentir deprê já é suficiente. Nossa, já estou na sexta página de Word, mas isso não importa para esse post, vai para os capilares, então não preciso me preocupar com o tamanho. Tomara que saia e que seja bom. Se não sair também não será o fim do mundo. Mas será muito, muito chato ficar escrevendo até meia-noite e ir dormir. O pior que não estou com astral nenhum de ir para a Casa Astral amanhã. E o preço está salgado, trinta reais? É um pouco demais. Mas, se meu primo-irmão for, acabarei indo, eu acho. Não quero pensar no amanhã. Vou me focar no hoje. É melhor, me é mais agradável. Não sei se vou querer sair amanhã tendo saído hoje. Estou fugindo do que me traz desconforto à alma. Me sinto pisando em ovos comigo mesmo, andando na corda bamba. Qualquer mínimo deslize e caio na deprê de novo. Só posso pensar que o negócio estava batizado. Não é normal me sentir assim. É a única explicação cabível. Quando der 19h00. Vou botar Coca e fumar um cigarro. Sete minutos para isso. O baixo astral se deu depois que comi o pastel de nata, agora me lembro. Que coisa esquisita. Estou ficando velho e cheio de cacoetes. Isso é patético. Nossa, queria que meu tio desse a mamãe uma resposta positiva. Deixa essa porra para lá. Não estou com cabeça para pensar no assunto. Não quero pensar sobre o assunto. Não me faz bem pensar no assunto no momento. Acho que queria tirar um cochilo, mas não queria ao mesmo tempo, pois posso não ouvir a mensagem do meu primo-irmão. Três minutos para a Coca com cigarro. Eita, texto mais desleixado e chato. Que seja, escrevo para ninguém, só para desopilar mesmo, para não cair da corda bamba. Dois minutos. Queria que tudo desse certo na minha vida. Tudo já deu certo, mas falta um pouquinho mais. Eu pensei que chegar até aqui já estaria de bom tamanho, mas nunca está. Um minuto. Aurora está me assombrando hoje. Como eu guardo mais precioso dos sentimentos por ela. Tão puro e sublime que não encontra paralelo no real. Vou fumar. 19h00.

19h09. É muito bom tomar uma coquinha com um cigarro para acompanhar. Estou sem saber o que dizer, na expectativa do meu primo-irmão se manifestar. Estava ver fotos de Aurora. Delírio, perda de tempo, sonho maior do mundo. Empatadinho com o sonho de ter as duas obras publicadas. Se a primeira for publicada, a segunda eu banco. Se a primeira não interessar a ninguém, a segunda, então nem se fala. Como o meu humor melhorou, estou espantado e não quero fazer nada que o faça virar de novo. Estou tenso com essa possibilidade. Não sei que é que se dá comigo. Pensar no livro agora não me desagrada, mas a palavra livro assim posta me gera certo desagrado, a escrevi tanto ultimamente que peguei abuso dela. Dela e de “obra”. Duas palavras que não tenho mínimo saco de escrever, nem “projeto”. Aurora, por outro lado não me cansa. Curioso isso e só pode ser amor. Platônico até a medula, mas amor mesmo assim. Acho que é o tipo de amor que me cabe, platônico. Impossível, mas sempre desejado. É a forma que desenvolvi de amar nesses calejados anos de solidão. Que seja, se me contenta. Me deixa contente, me ilumina o espírito, que seja. E seja até o fim. A Garota da Noite? Me desagrada por estar próxima demais da realidade. A encararia com frieza caso a encontrasse. Pelo menos é assim que a coisa se afigura dentro de mim. Queria até encontrá-la para ver no que iria dar. Minto prefiro não cruzar com a figura. Se possível nunca mais. Talvez esteja exagerando. Mas minha vida orbita em outra estrela por ora. Acho que sempre orbitará. Sei lá. O futuro a Deus pertence, reitero. Senti um gosto margo na boca, a boca está amargando que coisa estranha. Será que é uma indicação da morte? É, parto logo para pensamentos catastróficos. O Hulk, a moça da fisioterapia ainda não viu o meu Hulk. Gosto de reparti-lo com as pessoas, mas não ousarei fazer isso hoje.

19h29. Estou contando com essa saída hoje, espero que role. Se bem que nem espero muito. Mas seria bom, para dar uma saída desse marasmo, ainda bem que não estou entediado (ainda) e meu astral está bom. Que permaneça assim, com ou sem saída. Cada vez mais acho que as emoções tem uma correlação grande com o que vai no estômago. O computador apitou, pode ser a boa notícia que espero. Nada, era só a minha cunhada falando dos meus sobrinhos. É, esse Seu Vital vai ser mais tarde do que o que esperava. Se for. Espero que meu primo-irmão me dê ao menos uma satisfação. Diga se vai ou não vai. Eu estou apoiando a minha realização pessoal em algo que não tem a mínima solidez. É uma pena, acho que terei que viver coma frustração de não ser publicado. E hoje, agora, isso não faz muita diferença para mim. Nada importa muito nesse momento, estou satisfeito por existir e isso me basta. É muito pouco? Eu não acho. Depois de sentir a insatisfação de viver que experimentei há pouco, essa satisfação é mais do que suficiente. E sem tédio? Melhor ainda.

19h42. 1942 era o nome de um jogo de tiro de fliperama das antrolas. Pois é, eu também sou cultura. Inútil. Hahaha. Se estou dando até risadas textuais isso mostra um astral superior. Estou ficando com preguiça de sair, mas se convocado, comparecerei. E de repente vá ouvindo Björk pelo celular, caso tenha que ir caminhando até lá. Preciso cortar as unhas da mão. Está muito escuro para fazê-lo e estou com preguiça. Acho um saco depender de terceiros. Mas a minha na vida é muito comum se depender de terceiros. Não na minha, mas na das demais pessoas. Estou na mão da incrível revisora, do meu tio, do meu primo-irmão e me libertei das mãos de Raimundo Carrero sepultando quaisquer possibilidades que tinha de ele me dar um feedback sobre a obra. Tanto se me dá. Hoje estou na fase tanto faz como tanto fez. Hoje estou só escrevendo e isso me parece o mais agradável a se fazer. Não quero sair desse modo pois temo entrar no clima deprê de novo. Mas se meu primo der o ok, eu vou para o Seu Vital. Se não der, tanto faz. Espero que ele se manifeste até as 20h30. Eu nem sei mais se quero ir. Eu não sei de nada. Sei que escrevo e continuo escrevendo por absoluta falta de alternativa mais viável e confortável. Estou bem no meu cantinho, teclando nesse teclado palavras que me vem sem pretensão alguma que não seja preencher meu tempo de forma minimamente produtiva.

19h56. Meu computador não carregou a página que eu queria tanto ver. Que se dane. Hoje tanto faz. Mas que é estranho, é. Que seja estranho. Tanto faz. Eu estou chutando paus de barraca hoje. Hahaha. Estou quase me dizendo apaixonado por Aurora para quem de direito. Mas não farei essa loucura. Não estou chutando tanto assim o pau da barraca. Pensar em chutar o pau desta barraca específica me corta a alma, mas é o que terei que fazer se o livro for ver a luz do dia. Não acredito que vá e para mim, agora, tanto faz, estou vivendo o agora, não o futuro e agora eu estou muito bem com as minhas palavras. Espero que continue assim. Queria ter mais quatro cigarros para fumar hoje e acho que posso me dar esse luxo. Caso não saia, aí fumarei desbragadamente. Mas estou quase achando que o programa miou. Se bem que meu primo disse que tinha umas coisas para fazer antes. Talvez saia de chapéu hoje, mais coroa. Faz tempo que não uso chapéu. Se bem que o chapéu não cabe na minha cabeça direito. Eita, veio o desagradável pensamento na viagem, pois comprei esse chapéu na Alemanha. Mudar de assunto. Aliás, o que tanto me intimida na viagem? O translado, a obrigação de encontrar com o meu amigo corretor, a interação com os da Alemanha e (talvez da Áustria) e os vizinhos. Passar por Portugal me incomoda. Minha mãe e sua limitadíssima locomoção me incomoda. De resto, nada mais me incomoda. Se eu tivesse um pedido só para fazer a Deus? Aurora ser minha. Mas esse é o pedido mais impossível que eu poderia pedir. Por isso mesmo é o que faria. Ele é mais impossível que a publicação do livro. Ainda não perdi as esperanças quanto a isto. Mas confesso que o livro me traz sentimentos ambíguos. É dar muito a cara à tapa. É constrangedor. Eu não sei e hoje me dou o direito de não saber, hoje estou no modo tanto faz. Em não ficando deprê, tanto faz, a vida veio hoje me relembrar o que mais precioso tenho, não estar em depressão. Não há nada mais precioso e desejado que isso. O resto tanto faz. Ter a curatela é muito importante também. Ter a minha mãe também. E poder escrever. Já enumero várias coisas e nem mencionei Coca e cigarro e internet. O resto tanto faz. O jantar também importa, pois a fome começa a bater. Ainda bem que minha mãe tem um forno elétrico que a permite cozinhar sem usar o racionado gás do prédio. 20h13. Vamos ver se meu primo vai dar notícia de vida até as 20h30. Estou começando a duvidar. Tanto faz. Já imagina qual o nome que darei a esse post, né? Aliás se alguém ler isso já leu o título lá em cima. Vou colocá-lo e salvar.

20h18. Às 20h30 vou pegar mais Coca e fumar mais um cigarro. Chegou um e-mail dizendo que a Red Sonja, o último boneco que comprarei na vida, espero, chegará mais cedo, mas que eu não preciso fazer alterações na forma de pagamento. A vontade que eu tenho é encomendar a Harley Quinn quando acabar de pagar a Red Sonja, mas não o farei até que seja lançada em 2019. Preciso ver a qualidade da pintura primeiro. Vou ver se fizeram o update das fotos da Red Sonja. Momento. Ainda não. 20h22. Não sei como arrumo tanto nada para escrever, eu me impressiono e sempre me impressionarei com essa minha capacidade. Hoje tenho a alma tomada de Aurora, é até bom que pode ser que pegue um abuso do assunto, já me sinto meio abusado, acho que não mais tocarei nele. Vou dar um mergulho no Facebook.

20h35. Vi uma coisa medianamente interessante e outra levemente engraçada. Realmente é um passatempo inofensivo, não fosse repleto de idiotice. Vou pegar Coca e fumar. Como pensei, o meu primo não se manifestou ainda.

21h03. Comi charque com macarrão. Nada do meu primo-irmão. Estou com vontade de me deitar, mas resistirei. Estou condicionado a comer e dormir, então me bate o sono. Estou cansado de escrever de ver internet, acho que a saciedade (olha aí a correlação estômago-emoções) me deixa assim. Não estou mais com disposição de sair. Não sei por que inventei de comer. Mas estava com fome e ver o macarrão e a charque abriram ainda mais o apetite. Acho que... fui olhar o Facebook, estou entediado. Acho que vou comer mais e dar esse dia por vivido. Ir dormir. 21h22 e nada do meu primo, acho que não rola mais. Ligar o ar.

21h50. Devidamente alimentado, volto aqui para despejar as palavras finais. O que posso dizer. O sono passou não sei por que cargas d’água. Duas novas visualizações do post que foi repartido com o meu tio e Raimundo Carrero. Não sei quem os leu. E tanto faz. Minto, um sentimento ambíguo me preenche. Esperança e medo. Que droga ter perdido o sono. Queria tanto deitar e dormir. Mas não quero deitar e dormir no momento, não estou com sono. É esperar a comida descansar no bucho. Podia tentar me masturbar, mas com mamãe acordada acho incoerente. Ela pode vir aqui por ver a luz acesa e vai ser muito chato. Ocorreu uma vez já, não quero que se repita. É muito constrangedor.

22h03. Parece que voltei foi com fome redobrada de me dizer. Espero que essa passe logo também. Meu primo ao que tudo indica desistiu ou “esqueceu” de me comunicar.

22h11. Mandei uma mensagem para ele e me disse que tinha decidido ir para o Arruda tomar umas geladas com um amigo. Sou irrelevante mesmo. Nem para me avisar que não ia rolar. É a vida. E tanto faz. Não sei mais o que poderia dizer, estou frustrado com o esquecimento do meu primo-irmão. Que seja, é assim que percebo que vou perdendo a relevância para os que me são mais caros. Tanto faz, é o que cavo para mim. Essa gruta que distancia o quarto-ilha do resto do mundo. Vou beber mais uma Coca e fumar mais um cigarro.

22h25. Dei uma passada pelo meu outro projeto, o que pode se tornar um segundo livro, se primeiro houver, o que para mim, no momento, tanto faz. Para mim tendo a escrita e podendo pensar em Aurora, o resto tanto faz. A droga do sono não vem. Espero que venha quando medicação começar a fazer efeito. E se não vier, tanto faz também. Há de chegar em algum momento, nem que seja por exaustão. Por enquanto, enquanto estou vivo e tenho este computador, posso me dizer e continuarei o fazendo. Droga, preciso botar o líquido no Vaporfi.

22h31. Coloquei. Que palavras a existência que se manifesta através de mim quer colocar para o mundo? Colocar para si mesma. Um espelho de frente para o outro. Estou sem muitas ideias na cabeça. A vida está agradável de ser vivida por mais que extremamente estéril. Uma leve esperança de que meu tio tenha lido a mensagem, que sejam deles as duas visualizações mexe comigo. Seria bom ter o livro publicado, eu acho. Sei lá e, nesse exato momento, que é tudo o que de fato tenho, tanto faz. É muito boa essa postura do tanto faz quando se pode exercê-la tão plenamente como agora. Se fosse obrigado a ir no supermercado nesse momento faria uma enorme diferença negativa para mim. Mas nenhum compromisso vai me aparecer hoje, salvo alguma emergência, o que espero de todo coração que não ocorra. Quero ficar nesse gostoso tanto faz. Tanto faz se eu morrer. Tanto faz porque nada importa e quem me importa me é intangível, então tanto faz. Se bem que não quero morrer ainda, há uma pulsão de vida em mim, não estou deprimido, não estou como eu estava, foi um momento, graças, passageiro. Mas foi ruim. Suspeitei de depressão como devo ter ventado aqui. É um estado de espírito muito ruim. Mas agora que tomei os meus remédios dificilmente me sentirei mal por ora. Até acordar amanhã. Tomara que mamãe siga a tradição que vem cultivando e faça uma jarra de café para mim amanhã. Seria uma ótima forma de começar o dia. Cigarro e café. Talvez meu primo queira ir amanhã para a Casa Astral. Eu não sei se vou. Não estou com a mínima disposição de ir. Estou meio saturado de lá que o bróder que me convidou não me leia, gosto muito dele e do pessoal da Casa e Tudo o mais, mas é um ambiente desafiante demais para mim no momento. Pode ser que amanhã tudo mude, mas não vejo meu primo-irmão indo para lá. Ainda mais a 30 reais o ingresso. Meu pé está dormente da posição em que estava. Já está passando, passa rápido. Estou completamente flácido e sedentário. E tanto faz. Em verdade queria magicamente estar com um corpo sarado, mas não existe esse truque, é preciso fechar a boca e malhar. Eu fecho a boca o máximo que posso. Malhar é algo que eu tenho aversão. Não consigo entender como se submetem a isso. É amor próprio demais para mim. Não gosto tanto assim da minha pessoa para me submeter a essa tortura física cotidiana. Simplesmente não aguento, meu preparo físico é zero. Acho que o sono começa a me bater. Que bom. Não acho que revisarei este post. Deixá-lo-ei cru como está. Não faz diferença. Ninguém vai ler. O que importa é que estou em paz, isso é o mais importante, não estou deprê. Estar em paz é muito bom. Estou pensando em comer ainda um iogurte se iogurte ainda houver. Não, não vou comer, acho que só saio do quarto-ilha amanhã. Se bem que resta um pouco de Coca e estou com toda a intenção de tomá-lo. O que posso fazer com as minhas palavras, relegadas que estão à obscuridade? Dizê-las, é o que tenho, é o que me faz sentir mais vivo, é o que dá razão à minha existência. Isso e a espera do que não virá. Ou virá, sei lá. A esperança em mim é difícil de sepultar. Só quando todas as portas se fecharem é que se encerrarão as minhas esperanças. O sono vem se aninhando no meu juízo. Não durarei mais do que meia-hora. Não quero. Já disse demais por mais que muito pouco se aproveite, menos pessoas ainda porão os olhos nisso. É um grande desperdício de palavras, mas é um prazer dizê-las, meu foco deve residir aí. O resto, tanto faz. Meus átomos de carbono magistralmente organizados em um ser da minha espécie querem dessa forma, quem sou eu para desobedecer a minha própria natureza? Eu sou uma força da natureza, ínfima que seja. Haverá um dia em que não serei. Não queria enfrentar a morte da minha mãe. Será muito triste para mim, vai ser das orfandades mais doídas. Jamais superarei eu creio, me verei perdido, sem chão, largado no mundo. Não queria passar depois dela. Mas não queria que ela sofresse meu luto tampouco. Acho que vou deitar, não há por que lutar contra o sono. Amanhã passarei o dia fazendo a mesmíssima coisa. Boa noite, Aurora, meu eterno amor é seu.

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12h17. Acordo com a minha paixão por Aurora bastante diminuída pelas brumas de Morfeu que ainda me circundam. Estou com dificuldade de digitar. Acho que vou pegar mais um café e fumar mais um cigarro. Espero que a deprê não me ataque hoje. Com café é mais difícil.

12h30. Estou de volta e vou continuar nesse post que não carece de revisão porque ninguém vai ler. Meu padrasto chega. Isso me deixa um pouco mais tenso, mas já-já me aclimato à nova realidade. Se há uma pessoa que não me incomoda no meu quarto-ilha é o meu padrasto, a não ser que haja assunto de real relevância o que se dá muito pouco, graças. E mesmo assim bate antes de entrar. Dormi uma noite bem dormida e sei que sonhei, só não sei com o quê, mas tenho convicção de que sonhei. Não sei como tenho essa certeza se não me lembro de nada, mas há um indício, um resquício de memória de que algo foi sonhado. Uma sensação de algo foi sonhado. E dizem que todos sonhamos mesmo que não nos lembremos, então eis aí a prova de que sonhei. O remédio me impede de lembrar dos meus sonhos. Não sei se isso vem para o bem ou para o mal, não sei se teria mais pesadelos que sonhos bons. O último que me lembrei começou bem e descambou para o pesadelo, como meu finado pai me agredindo a face a murros por causa de um suposto papelote de cocaína atribuído a minha pessoa que não era. Nem cocaína, nem meu.

12h42. Minha mãe disse que eu deveria ouvir mais música brasileira. Acho que dentro em breve eu vou colocar a lista 6 para tocar e ligar o ar agora, pois estou com calor. Quando penso no que quero dizer o primeiro assunto que me pipoca à cabeça é livro. Mas nada tenho a acrescentar sobre isso. Só que meu tio ainda não leu o WhatsApp mandado por mamãe. Por conseguinte, não leu ainda o meu post do Profeta em que discorro da importância da publicação para mim. Quer ler? Eis o link, clique aqui. 

12h46. O café está uma delícia, mais forte e encorpado que de costume. Obrigado, mãe. Minha mãe nunca vai ler isso. Não que haja aqui algo que ela não possa ler, simplesmente não vai haver como ela, com os parcos conhecimentos que tem, achar este post. E pode ser que descambe para algo mais secreto e vá acabar no Vate, aí nem que quisesse poderia acessar, pois o Vate é um blog privativo ao qual só eu tenho acesso. A verdade é que na minha vida só tenho as palavras ou só quero ter as palavras. Essa segunda afirmação me incomoda e assusta, mas não me vem como grande revelação. Sei que tenho videogames para jogar e filmes para ver. E livros para ler. Mas nada me apetece mais o tanto quanto escrever. Não sei a causa disso, só não quero que acabe nunca. As palavras são a minha vida, a vida que há ao redor delas cada vez me interessa menos. Isso é doentio, também acho, mas é como uma febre que me faz querer ficar aqui a me dizer. Lógico que quando aparece um programa bacana, eu vou. Mas cada vez menos programas me parecem bacanas. Hoje não estou com saco de sair. Pode ser que isso mude. Mas, para mim tanto faz. Gostaria de ter coragem de aparecer na Vila Edna amanhã. Mas perdi essa coragem nalguma curva do caminho. Tenho vergonha de encontrar com as pessoas de lá sendo quem eu sou hoje. Tenho vergonha de desfilar em público o ser miserável que sou. Miserável de alma que é a pior das misérias, acho eu. Pois essa não há programa social que sane. Vivo com o máximo de conforto que a sociedade capitalista moderna pode oferecer e até um pouco mais, afinal tenho um busto em tamanho real do Hulk no meu quarto, o que é um item para lá de supérfluo para alguém diferente de mim, ou seja, para qualquer pessoa. Lembro agora que sonhei que uma boneca vinha mal pintada! Era uma Mulher-Maravilha, eu acho. Vou pegar mais um pouco de café.

13h06. Minha mãe ia me pedir algo, mas elogiei o café e ela esqueceu. Está assim agora. E nem quis lembrá-la do que iria me pedir ser miserável que sou. Mas se fosse algo realmente importante haveria de se lembrar ou assim quero crer. Meu amigo redator me mandou uma mensagem, uma piada. Uma foto de uma mulher gostosa de biquíni fio dental e uma voz dizendo algo como, “desculpa aí, mandei para a pessoa errada, sei que você não gosta disso”. Realmente uma mulher como aquela me intimidaria e me desencantaria por ser tão vulgar, ademais tenho o pau pequeno para tanta bunda. Estou gostando de viver hoje e isso é bom demais. Não preciso de mais do que isso, realmente o rápido mergulho na depressão me fez o que realmente importa, não estar deprimido, está em paz. O livro importa menos do que isso. Talvez até Aurora importe menos. Embora ache que os dois sejam passaportes para uma existência superior, mais interessante e recompensadora. Não preciso disso, preciso ser e estar bem apenas. E não ser atacado pelo tédio, o que já seria me sentir mal. Eu amo a minha mãe. Demorou quase 40 anos para chegar a isso, à consolidação desse amor, mas chegou, enfim. Que bom. Que ótimo. Talvez a maior parte do esforço tenha sido dela. Se bem que minha luta contra as drogas não foi fácil. As internações não foram fáceis. Acho que nós dois fizemos esforços semelhantes de naturezas completamente diferentes, para chegarmos à relação que temos hoje. Se valeu a pena? Valeu. Sem dúvida. Acho que o meu carma com a minha mãe foi quitado, falando em termos espirituais, que não acredito. Acredito na vida que temos aqui como a única, então foi bom termos encontrado a paz no nosso relacionamento em vida, pois no momento em que um partir não haveria mais chance de reparação. Sei que mamãe estranha os meus carinhos, tanto quanto estranho os dela. Mas aos poucos acho que vá se acostumando. Queria ir sacar dinheiro hoje, mas acho que essa oportunidade não se dará, porque não tenho justificativa para sair de casa e não quero que mamãe saiba que tenho essa fonte de renda. Acesso a esse dinheiro. Pois ele será convertido em sua maioria em maconha, única droga da qual não me abstive. Não sei se foi a ausência dela no meu organismo que me causou a crise depressiva de ontem e dos últimos três dias. A não ser que a maconha prensada que meu amigo pegou fosse batizada com crack. Tudo é possível. Mas se estou bem sem maconha, que continue assim. Preciso fazer as letrinhas correrem agora para que mamãe não me pegue discorrendo sobre esses ilícitos. Não sei se Seu Raimundo leu o meu e-mail nem o meu blog. Acho que não. Acho que sim. Acho que talvez. E se o fez, tenho absoluta certeza de que não mais me responderá. Que seja. Faz uma diferença enorme, mas agora, estou em clima de tanto faz. Tanto faz, está nas mãos do acaso-destino. O que poderia fazer já fiz. Só me resta agora esperar. E espero mais tranquilo sabendo que fiz o meu máximo. Ainda falta dar o meu máximo na revisão. E aí mandar para o meu tio e torcer que ele tenha colhões para mandar para as editoras. Com a sua indicação é quase certo eu ser pelo menos lido e avaliado pelas editoras. Sem ele, acho que luto uma luta em vão. Veremos. Tudo a seu tempo. Acho que a revisão não chega antes que eu viaje, então tudo fica postergado para agosto ou setembro. Estou gostando desse texto que estou fazendo sem pretensão de ser lido. É praticamente um do Desabafos do Vate. Aliás é exatamente um post do Desabafos do Vate que postarei em algum lugar público que ninguém acessa. Me sinto seguro que mamãe não acessará, porque nem sabe da existência dos blogs capilares. E se sabe nem entende o que quero dizer com isso. Estou com vontade de pegar mais café. É uma pena só ter mais sete cigarros e tantas horas de vigília pela frente.

13h42. Peguei mais café, a penúltima xícara. Acho que vou colocar a lista 6, inspirado pela sugestão de mamãe de ouvi mais coisas brasileiras. Nela tem o “Vem” de Mallu Magalhães. E tem “Cantada (Depois de Ter Você)” de Adriana Calcanhotto, música tema da Garota da Noite. Nesta lista há as músicas tema de Clementine e Aurora também. Engraçado eu eleger músicas tema para as minhas paixões platônicas. Embora a Garota da Noite não merecesse essa música.

13h51. Me perdi no YouTube. Olha o que cheguei a gravar para a Garota da Noite.





13h52. Já começou a passa Faith No More na lista 6. O modo aleatório gosta muito de Faith No More. Hahaha. Também há dois discos inteiros da banda na lista.

13h55. Outra do Faith No More. Não estou dizendo? Gosto da banda, mas não era exatamente a vibe que buscava quando coloquei a lista 6 para tocar. Mas gosto, não ofende. E acho dos dois discos excelentes. O primeiro e o segundo de estúdio da banda. O que poderia mais dizer da vida? Nasci em Campinas, São Paulo, terra de Sandy e Junior. Cheguei ainda estudar no mesmo colégio onde estudaram. Depois vim para Recife, depois me mudei para São Paulo capital e depois voltei a Recife, onde resido até hoje. E onde, hoje, sou curatelado com sonho de ser considerado escritor. Mas olhando em retrospecto esse sonho me parece ridículo. Eu sou uma pessoa ridícula, mas não estou no astral de me diminuir hoje quero ficar do mesmo tamanho que acordei. Em paz comigo e com a vida. Esse é o tamanho ideal, curtindo friozinho do ar condicionado. Agora ouvindo The Cure, sempre muito bem-vindo, uma banda definidora do meu caráter, que me ajudou a me tornar um amante sonhador. Se Robert Smith soubesse quão fundamental foi para a formação do meu caráter certamente ficaria impressionado. E em como isso pôde dar tão errado. Hahaha. Acho que se sentiria culpado, então é melhor que não saiba. Agora passa Rufus Wainwright, uma das mais fraquinhas dele.

14h16. Me perdi pelo Facebook felicitando os três aniversariantes de hoje e assinando uma petição, que não vou compartilhar porque não achei realmente muito relevante. A aparência que me deu é que a mulher quer mais imortalizar o nome do filho do que aprovar a lei ou quer nos dois na mesma quantidade. Pois a lei tem o nome do filho.

14h22. Puxa ter uma música pesada do Faith No More ser seguida por uma linda melodia com Ella Fitzgerald e Louis Armstrong é uma mudança no mínimo radical, “A Foggy Day”. Quando der 15h00 eu vou fumar outro cigarro. Assinei outra petição e compartilhei mais uma. Quando se trata de trabalho escravo eu sempre reparto. Acho uma aberração que ainda haja esse tipo de abuso na sociedade moderna. Putz, Faith No More de novo, vou pular. Foi para outra de FNM, esse modo aleatório realmente gosta da banda. O bom é que cada música é uma a menos da banda para tocar. Eu gosto dessa, foi a do primeiro clipe de “Angel Dust”, “Midlife Crisis”.

14h32. Vi o número mudando de 31 para 32, raramente vejo tal fenômeno se dando. Essa foi a informação mais inútil até agora, creio. Hahaha. Olha a minha próxima cantada (como se tivesse coragem).





14h37. Fui pegar o resto de café que havia e mamãe havia feito um risoto de peito de frango que em nada me apeteceu, coitada da véia, achando que eu iria dar uma chance ao prato e me recusei porque não estou com fome alguma. Às 14h39 passa a primeira de Mallu Magalhães. Mallu agora me lembra Aurora. Acho a combinação perfeita. Ela aparentemente adorou o CD do “Vem” que dei à mãe. Amei essa notícia porque, bem, amo. Ainda bem que isso vai para um blog capilar, com a frase anterior revelo a identidade da minha paixão platônica sem deixar margem para dúvidas. Estou brincando com o perigo. Mas o livro também revela a sua identidade. Por isso tenho que revelar dessa paixão platônica para quem de direito antes de o livro ser publicado, no caso de ele ser mesmo publicado. O que ainda está longe de ser uma concretude. Acho que não vai acabar de ser revisado antes de eu viajar. O que vai ser uma pena.

14h47. Meu primo compartilha um programa de índio para mim no grupo da turma. Pelo visto ficarei em casa nesse final de semana. Como as pessoas gostam de fofocar, me lembrei de um episódio aqui, de uma fofoca. Fico a cismar o que dizem de mim. Deve ser cada coisa ozzy. Ainda bem que não estou presente para saber e não me dizem na cara. Então fica tudo no campo da imaginação. Parece ser o campo em que mais jogo este. Quero ver se meu amigo redator vai ter gasolina para ir ao lançamento do livro da nossa amiga na terça que vem. Tomara que sim. Agora me lembrei porque estou escrevendo para um blog capilar, porque quero dar tempo para Seu Raimundo ler o post que está como o primeiro do blog. Isso já me parece tão distante, Seu Raimundo e o post. Mas queria muito que ele lesse e, mais ainda, que me respondesse. Não ocorrerá. Senão já teria ocorrido. Mas deixarei para publicar no Profeta só na segunda. Depois da terapia, se terapia houver. 14h57. Três minutos para eu abrir a Coca e fumar meu próximo cigarro. Fiquei na dúvida se hoje era sexta ou sábado, coisa de quem tem todo o tempo do mundo, esse luxo que poucas pessoas do mundo têm. Esse luxo que nem os mais ricos dispõem. Eu sou riquíssimo do bem mais precioso da vida. Eita, música do caralho, “Hawkmoon 269”. Até aumentei o som. U2. “Rattle And Hum”. O som da bateria dessa música é épico. Eu acho que magoei minha mãe agora quando disse que não gostava de molho branco e me neguei a comer o que ela teve um trabalhão para fazer. Estou com o coração apertado por causa disso. 15h03. Vou fumar e tomar uma Coca.

15h05. Eles ainda estão na cozinha. Ainda poderia reverter e experimentar um pouco do risoto. Acho que vou fazer isso. E depois, cigarro e Coca.

15h16. Fiz tudo que me propus. Alegrei a minha mãe e fumei o meu cigarrinho. O modo aleatório entrou na fase U2, o que acho ótimo. “Red Hill Mining Town”. Agora com “A Sort Of Homecoming” ao vivo. Outra que adoro da banda irlandesa. A Coca gelada esfria o meu corpo e não preciso de ar condicionado, então o desliguei. É libertador escrever para ninguém. Não me preocupo com muita coisa, não me preocupo se o conteúdo é fútil ou não. Mas me incomoda um pouco pensar que ficarei fazendo isso até dormir. Mas se continuar gostando de estar aqui, que seja. Eita, Mallu, essa vai eu vou botar no meu projeto paralelo, “Love You”.

15h25. Vários pensamentos me passaram pela cabeça e o único que ficou foi nossos dois polegares sobrepostos. Eu não sei. Sei lá. Quem me dera. Mas não vai se dar. Faith No More de novo. Não me incomoda. Não deveria ter comido. Esse peso na barriga a essa hora não me faz bem. Mas não chego a estar deprê. Não foi como ontem. Ontem foi mais pesado. Continuo em paz, tendo por parâmetro o que senti ontem.

15h36. Meu primo me chamou para algo que lembra o carnaval de Olinda, estou fora. Não gosto de aglomerações concentradas de gente. Não preciso mais me passar por isso para achar que estou vivendo a vida. Pelo contrário, acho um atraso claustrofóbico de vida. E ainda dizem para levar “doleiras” o que significa que a possibilidade de ser furtado é comprovada. A comida – só posso crer que foi ela – me deu um desânimo. Mas fiz minha mãe feliz. Vou pegar mais Coca e botar umas caçambas para gelar.

15h45. A Coca que peguei me reanimou um pouco mais. Mas o prospecto de passar o dia de hoje escrevendo não me é muito alentador. Mas se é o que me cabe, que seja. Não vou para Olinda me embrenhar num mar de gente. Isso é o oposto do que considero um programa interessante. Preferiria muito mais o espetinho no Arruda de ontem. Sentar e conversar. Por mais que tenha perdido o hábito da conversação. Mas acredito que com um pouco de prática... na verdade não acredito nisso. Só a projeção de envolver em conversações me põe ansioso. Não sei o que se dá comigo. Aliás, sei. É passar tanto tempo enfurnado comigo mesmo a me dizer. Desaprendi a conversar com os demais e aprendi a conversar comigo. Estou com vontade de fumar outro cigarro. Vontade dá e passa. Meu padrasto está na sala e não admitiria, eu creio, que eu enchesse as caçambas com água da torneira como é de meu costume, por ser mais rápido e prático. Há pouquíssimo gelo na geladeira. Isso me preocupa, mas não muito. Já tomei muita Coca quente na casa da minha tia-mãe. Acho que vou pegar mais Coca e fumar um cigarro, eu mereço me dar esse luxo, por mais que vá ter que me segurar mais adiante. Melhor esperar até as 16h30. Parece uma eternidade essa meia-hora que me separa do próximo cigarro. E preciso cortar as minhas unhas enquanto há claridade. Mas estou empulhado de passar pela frente da TV que meu padrasto assiste para chegar à varanda. Não devia ter esses pudores com ele. Mas tenho, é fato. Vou fumar um cigarro com Coca e só fumo próximo de 17h30. Eita, Começou “It’s In Our Hands” de Björk, amo muito. O Jornal do Profeta é uma empreitada tão inútil, tão medíocre que me sinto insultado por mim mesmo de tê-lo como o principal produto da minha vida. É ultrajante. Nos meus sonhos mais audaciosos, o livro seria um sucesso e traria o endereço do blog em destaque o que isso geraria uma série de seguidores. Mas isso é devaneio. Minha vida é um desperdício de existência e não há nada que queira fazer dela que não isso. Eu não sei o que fazer dela além disso, eu só consigo me sinto disposto a fazer isso. Nada mais me agrada ou apetece. A não ser fumar o cigarro e colocar Coca. Ficarei com cinco até amanhã quando acordar. Queria ter mais. Mas não tenho e não tenho como conseguir. Se eu tivesse motivo para sair, compraria cigarro, mas ir para o furdunço de um bloco carnavalesco não dá para mim.

16h22. Enchi seis caçambas com água da torneira mesmo, fumei o meu cigarro e acho que vou para a piscina hoje escrever. Aproveito e compro mais uma carteira de cigarro e saco dinheiro. Se dinheiro houver nas máquinas do Bompreço. Acho que é o que farei. Não sei. Detesto ter que fazer coisas escondidas da minha mãe. Mas não há outra alternativa. Ela não sai de casa por causa do joelho e porque o carro está sem gasolina. O som deu uma pausa no Faith No More. O que mais posso dizer? A tardinha cai. O barquinho continua encalhado. Nossa, que existência medíocre. A ida à piscina e esse passeio até o Bompreço me farão bem. É isso.

16h31. Meu primo-irmão sugeriu irmos para a Casa Astral, se ele realmente se decidir por isso, eu saio hoje. Embora esteja meio cansado de lá. Mas é outra oportunidade de comprar cigarro e sacar dinheiro. Embora esteja mais inclinado pela piscina. Vou cortar a unha na varanda.

16h40. Pedi para meu primo se decidir até as 18h00 para que, se não for à Casa Astral, eu ainda possa descer para a piscina para escrever.

16h45. Meu amigo redator me chamou para ir para o Relaxe o Bigode. Programa que acho muito mais agradável que ir para a Casa Astral.

16h50. Confirmei com o meu amigo redator e comuniquei ao meu primo-irmão. Espero que ele não se incomode. O convidei a ir também. Ele, meu primo-irmão, vai considerar. Melhor do que esperado. Obrigado existência. “It’s Not Up To You” do “Vespertine” de Björk. É muito bem produzido esse álbum, nunca tinha reparado. Agora é esperar a minha mãe acordar, comunicar-lhe, pedir a grana e de 19h25 sair, para dar tempo de ir no Bompreço e comprar cigarros. Espero que o Bompreço tenha grana. E que meu cartão funcione e consiga sacar.

17h00. Estou com um astral bom para essa noite. Vai ser o bicho. Mansa, tranquila e favorável. Não sei o que dizer mais no momento. Preciso fazer xixi e, como terei cigarros hoje, vou fumar mais um.

17h14. Chuva. Só faltava essa. Que hora inadequada. Se bem que passando até lá está de ótimo tamanho. Fui no banheiro o que não importa muito para humanidade outra que não a minha. E recomecei a ler a entrevista com Bono na Rolling Stone que comprei quando da minha volta dos EUA no início desse ano. Já estou com vontade de fumar outro cigarro. Mas segurarei a minha onda, não vou contar com o ovo na cloaca da galinha. Toda vez que fiz isso, me dei mal. De uma forma ou de outra se saída não houver, desço para escrever na piscina. É bom escrever com o intuito apenas de desopilar, sem pensar em leitores. O Spotify entrou no modo Marcelo Camelo.

17h26. Eu quero que Raimundo Carrero se dane. Na verdade, queria que ele me respondesse algo, mas vejo que ele não vai fazer isso, então que se dane. Faz uma enorme diferença não ter o seu aval e tanto faz. Estou satisfeito com a vida hoje e não quero que nada me roube dessa condição. Nem o silêncio do escritor. Que se cale. Que a minha voz seja ouvida. Temo as impressões que a minha amiga revisora terá a respeito da obra. Pode ser que não ache literariamente válida. Aí vai complicar para mim, não saberia o que fazer diante dessa realidade. O que seria literariamente válido? Não sei. Me interessaria muito saber. Mas não acho que incrível revisora vá ser tão dura comigo. Se for, será a prova de que minha obra não merece ser publicada. E agora, isso tanto faz. Vou contar com o ovo na cloaca da galinha e fumar mais um cigarro dentro em breve. Estou um tanto agitado. Ansioso de uma ansiedade boa. A noite promete ser legal. Espero que alcance todos os meus objetivos. Não são impossíveis. Só não chover quando eu for. Estou sem conteúdo para escrever, já-já finalizarei o meu post. E quando voltar, se houver o que narrar, escreverei já para o Profeta. Eu acho. Estou meio abusado do Profeta. Estou meio abusado da vida que levo. O Profeta como é o centro dela é o que mais me abusa. Já vou em dezesseis páginas. É certo que ninguém vai ler isso. O que acho ótimo, pois me revelo demais aqui. Se bem que estou na fase do tanto faz. Se toda a minha verdade for revelada tanto faz. Só há duas coisas que são segredo em minha vida. Ou que minha mãe desconhece. Aliás, três. Quero que continuem assim. Eu preciso ter algum segredo para sentir que tenho privacidade. Escreverei até a hora de me aprontar para sair. Eu poderia levar o meu computador para o bar para fazer hora lá, mas meu amigo redator acharia bastante estranho. Mas qualquer dia desses eu poderia ir lá sozinho só para dar uma variada e ficar tomando uma Coca e escrevendo. Vou tomar mais uma Coca com cigarro. E acender a luz do quarto.

18h04. Fumei, tomei Coca e guardei a louça da máquina. Estou ansioso por ir. E lá no bar parece que tem Wi-Fi, eu poderia realmente ir para lá sozinho. Escrever lá. Seria estranho, mas em dando dinheiro para o bar, acho que não me repreenderiam. As horas quando é momento de espera se arrastam. Mas as preencherei com palavras. Será que meu tio fará por mim o que espero dele? Isso não “tanto faz”. Isso faz enorme diferença. E acho que ele vai amarelar. Ficarei profundamente decepcionado com ele. Mas vamos dar tempo ao tempo, chegará a hora em que terei o livro em sua forma definitiva e será o momento do vamos ver se o acaso-destino na forma do meu tio intercederá em meu favor. Senão é sair mandando para as editoras. E torcer, pois nada mais me restará a fazer. E assim, acaba-se a vida de um livro antes mesmo de ela se materializar. Queria ser meio Vinícius de Moraes, feio e barrigudo eu já sou, só falta saber cantar a alma feminina. A paixão. Se bem que não quero isso, quero uma pessoa específica. E só. Somente tudo isso. Se eu trocaria tê-la pela publicação do meu livro? É uma escolha dificílima para mim.

18h32. O que eu mais queria? Agora? Aurora. Mas agora não é tempo de Aurora. Esse tempo demorará muito a chegar, talvez eu nem esteja aqui. Com a vida que levo. De 18h50 eu vou fumar um cigarro e entro no banho para ir fazer o que tenho que fazer. A ansiedade me toma. Mas não é uma ansiedade ruim. O tempo agora parece se encolher. Passar rápido demais. Eu não sei por que tanta ansiedade. Ah, lembrei porque tenho uma vida modorrenta e estéril e qualquer mínima variação no meu cotidiano me gera ansiedade para o bem ou para o mal. Mão sei se leve o meu copo rosa, acho que não.

18h54. Eita me esqueci da hora no infindável Facebook. Vou fumar o cigarro e tomar banho. Inté.

TANTO FAZ

13h04. Esse vai para um capilar porque me comprometi a deixar o post de agradecimento à minha mãe até o domingo como primeiro post do meu ...